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Muita indignação se causou entre os pares enfermeiros pelas redes sociais com uma imagem comparativa publicada num canal de televisão, e com origem num estudo pedido pelo Governo a Consultora Mercer.
Gostava de destacar um conjunto de coisas:
1º - por mais que se queiram que os estudos sejam independentes, muitas vezes quem é consultado não fornece toda a informação possível, o que enviesa o estudo e quando se refere a comparar profissões entre público e privado, a obtenção de informação junto dos privados poderá não ser tão facilitada.
2º - o valor apresentado de 1600 € de média para o ordenado de um enfermeiro no público não me parece estar errado, principalmente se disser respeito ao ordenado médio de carreira.
3º - A média vale o que vale, não diz por exemplo para os enfermeiros que a entrada de 1 CIT a trabalhar no público é de 1021 €, 1200 € se for para ingressar como CFTP, e não diz que um enfermeiro que na antiga carreira fosse um enfermeiro supervisor e com horário acrescido poderá ter 1 ordenado de perto de 3500 €.
4º - Percebo que muitos enfermeiros tenham logo imediatamente perguntado em que hospital é que se ganha aquele ordenado de 1600 €, visto que um enfermeiro com mais de 12 anos e que esteja integrado na carreira pouco mais de 1200 €. Aliás sem grandes dados arriscaria que um enfermeiro com 20 anos de carreira andará no valor médio. Contudo, isto tem a explicação de as carreiras estarem congeladas a uma carrada de anos o que faz com que o valor entre os que ganham pouco e os que têm rendimentos maiores na carreira se acentue.
5º - Mais importante que perceber as médias, era perceber a qualidade dos cuidados prestados, que avaliação é feita e porque não pensar num regime que incentive os enfermeiros a serem pro-activos a trabalharem novas estratégias, a planear objectivos e a ter ordenados variáveis em função do cumprimento desses objectivos.
6º - Pensar um sistema remuneratório que compare apenas o privado com o público em termos bases e não meça objectivos é a mesma coisa que continuar com a luta salarial do séc. XIX em que os trabalhadores pediam mais ordenado e o patrão pagaria se tivesse possibilidade económica.
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